Retorno às aulas da criança autista

Para receber um aluno autista, os professores e equipe pedagógica precisam conhecer a fundo algumas questões, como:

O que é o autismo, como o aluno vê, sente e entende o mundo ao seu redor.

Quem tem filho(a) sabe a sensação que se apodera dos pais e dos pequenos com a chegada dessa nova etapa da vida deles, poder ir para a escola, conhecer novos amiguinhos e adquirir conhecimento.

A escola toda se prepara para receber com muito carinho e zelo seus alunos, temos uma semana pedagógica onde os professores e a equipe pensam cuidadosamente em todos os detalhes, tudo precisa estar perfeito!

Finalmente chega o grande dia, as crianças vão para escola sendo recebidas. Logo todos se encaixam nessa instituição que preza pelo conhecimento e cuidados.

No entanto, nos últimos anos temos novos alunos que necessitam de um trabalho diferenciado, são chamados de “laudados”, ou AUTISTAS. Estes estão chegando e não são poucos, mas a escola sabe que está preparada. 

Na semana pedagógica houve palestras e muitas orientações de como agir com eles, os professores não precisam se preocupar. Tudo o que se precisava saber para atendê-los foi aprendido: 

  • – são crianças “inteligentes”;
  • – “não gostam de serem tocadas”
  • – “evitam olhar nos olhos das pessoas”
  • – “tem interesses restritos” 
  •  

E que por esses motivos precisam de uma nova metodologia de ensino, que seja concreta e visual. 

Precisam trabalhar seus pontos fortes, ou seja, seu hiper foco e sempre elogiar quando terminarem uma tarefa. Eles devem ficar na sala de aula com os demais, caso tenham um professor de apoio, ele não deve ser seu único orientador de atividades, pois o professor da turma instrui a todos. 

Já o professor de apoio serve para oferecer um suporte quando o aluno precisar de uma dica ou mesmo um cuidado especial, nunca deve ser usado como uma espécie de bengala. Portanto, o trabalho do professor de apoio é aumentar a autonomia do seu aluno, tendo como objetivo que em determinado momento da sua vida escolar esse professor de apoio não seja mais necessário. 

Alguns desses novos alunos, os autistas, têm mais dificuldades acadêmicas e sociais, então sua alfabetização será trabalhada de forma mais lenta e contínua, caso eles se agitem muito, é só levar dar uma volta pela escola e está tudo bem.

Essas são algumas das orientações aos professores quando vão receber as crianças com autismo, ou se quisermos ser mais específicos, vamos dizer “alunos que estão dentro do espectro do autismo”. 

Chega a dar um certo medinho esse termo “espectro”, mas o que devemos ter em mente é que são crianças, que possuem uma forma diferente de entender como o mundo funciona. 

Entenda algumas características que devem ser consideradas:

1. Essas crianças, assim como as demais, não têm nenhum tipo de malícia;

2. Não sabem que o dinheiro é importante, que um material caro, como um notebook, se quebrar terá consequências financeiras para alguém; 

3. Também não sabem nada sobre sexo, e que seu corpinho se despido pode gerar comentários maldosos;

4. Poucos sabem que qualquer um pode tocar no seu corpo de forma maliciosa. 

Todas essas formas de pensar que nossa “cultura”, nos ensinou como certo ou errado, para quem está nesse espectro autista, não tem nenhum valor, eles são totalmente puros, de corpo e alma.

Talvez por esse motivo muitos os chamam de “anjos azuis”.

O início das aulas ou mesmo o retorno dos alunos com autismo, que já frequentam a escola normal, ou ensino regular, gera um desconforto para a maioria dos familiares de autistas que só anseiam que seu filho estude e participe da comunidade escolar, que tenha a oportunidade de viver em sociedade

Um filho é sempre nosso maior bem, e gera em nós todas as expectativas de oferecer o melhor para ele, seja na saúde, na educação ou na socialização, pois ninguém vive sozinho. 

As pessoas que estão dentro do espectro do autismo, tendem a se isolar, esse fato ocorre devido a seu cérebro ter uma pequena diferença na sua formação. Os autistas, como vou chamar daqui em diante, quando precisam estar no meio de pessoas se sentem desconfortáveis. Esse fato ocorre na maioria das vezes pela questão da sua sensibilidade sensorial, que dispara ao ver muitas pessoas juntas, ao ouvir muitos sons de pessoas conversando simultaneamente, ao sentir muitos cheiros diferentes.

A escola se sente preparada. No entanto, quando os autistas chegam, a realidade acaba sendo diferente. Cada criança vem de uma família com percepções diferentes e modos de agir distintos. Mesmo todas tendo o laudo de autista, vão ter suas particularidades que precisam ser conhecidas, avaliadas e readaptadas a realidade escolar. 

Peço perdão as escolas e profissionais que realmente se capacitam e desejam o melhor para seus alunos de inclusão, mas vou dar um destaque a realidade que muito chocou os familiares de autistas no ano de 2022, a qual queremos que não se repita em 2023.

O ano de 2022 marcou o retorno as aulas presenciais, depois de dois anos de ensino remoto, ou semi-remoto no final da pandemia. Muito se desejava voltar à normalidade e muitos autistas retornaram à escola “normal”, ou seja, essa que todos podem participar, alunos com ou sem deficiência. 

A realidade da inclusão em 2022 foi muito difícil, a escola ainda não se mostrou preparada para receber os autistas, faltou adaptação de materiais, formação de professores, mas principalmente empatia.

Alguns dos casos foram de uma crueldade horrível com os alunos autistas, muitos abusos em banheiros, espancamentos com direito a perfuração de olho, socos, empurrões, tudo dentro do ambiente escolar, que deveria ser seguro e confiável.

Com toda razão, os pais ficam arrasados pela situação, que termina quase sem nenhuma punição para os culpados, que em sua maioria são outros colegas alunos, ainda crianças ou adolescentes. 

É gritante o pedido de socorro dos alunos autistas, a falta de acolhimento, preparo na sua alfabetização, cuidado contra agressores e punição caso ocorram crimes contra eles dentro ou fora do ambiente escolar.

Para receber um aluno autista, os professores e equipe pedagógica precisam conhecer a fundo algumas questões, como:

O que é o autismo, como o aluno vê, sente e entende o mundo ao seu redor.

A equipe precisa estar consciente que não é o autista que precisa se adaptar a escola e, sim, a escola que precisa se adaptar ao autista.

Uma das técnicas do momento mais utilizadas para melhorar as habilidades de vida diária dos autistas e pode ser aplicada na metodologia de alfabetização é a Ciência ABA, ou seja, “Análise do Comportamento Aplicada”, é um recurso precioso que precisa deixar de ser “elitizado” e deve estar presente na formação dos profissionais que trabalham com autistas, sejam eles professores, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, psicopedagogos, entre outros.

Os alunos autistas e as demais pessoas especiais tem seu direito garantido pela Lei 13.146, de 6 de julho de 2015. A LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO, que define como pessoa com deficiência: 

“Aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza, física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas” (Art.2).

Eu sou Juliane Castanha, 51 anos, mãe do João Paulo de 15 anos, autista nível 2. 

Obtivemos o diagnóstico do JP aos 4 anos e pesquiso sobre o autismo há mais de 10 anos. Após o diagnóstico fiz especialização em Educação Especial, Psicopedagogia, Mestrado em Educação e inúmeros cursos pelo Brasil sobre Metodologias de Ensino. 

Possuo dois livros publicados: Autismo e Educação no Brasil e Autismo: Manual do Professor. Também sou ativista da causa e anseio pelo dia que os pais de autistas se conscientizem da importância da sua união para o processo de tratamento e inclusão de todos os autistas e demais pessoas especiais em nossa sociedade.

“Ninguém é melhor do que ninguém, somos todos humanos”.

Vamos fazer de 2023 o ano da Inclusão e da Empatia, com muito zelo e respeito que nossos alunos autistas merecem!

Se você também quer fazer parte deste movimento de inclusão e empatia, venha comigo e se aprofunde na educação dos nossos “Anjos Azuis”.


Entre em contato comigo e tire suas dúvidas, existem meios de lidar com cada fase!

Fale comigo: +55 46 9102-5920 

Juliane Castanha.

Grupo Unidos Pelo Autismo.



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