A inclusão de alunos com autismo no ensino regular

Por Juliane Castanha

A difícil adaptação dos alunos com autismo no ensino regular, causam um sério prejuízo a educação dos mesmos.

Estamos vivenciando a era da inclusão no Brasil. O sonho de quem tem filhos especiais, de os ver convivendo em escolas comuns, na sociedade, realizando um trabalho no comércio, ganhando seu próprio sustento e sendo vistos como indivíduos produtivos parece que está se tornando uma realidade.

Um caminho que parece tão simples para tantas famílias, que é ver um filho se desenvolvendo, passando pela infância, que é um período de encantamento e fofurice, onde as maiores preocupações se limitam a vacinas e cuidados com os pequenos acidentes domésticos, sem grandes dificuldades ou preocupações, leva muitos pais a dizerem, “nossa nem vi meu filho crescer”. No entanto, esse mesmo período, para milhares de outras famílias no Brasil, acaba sendo de grandes preocupações e uma busca por respostas ao enfrentamento de uma realidade inesperada, esse é o caso das famílias que têm crianças com deficiências.

As famílias que tem pessoas com deficiências sempre viveram à margem da sociedade. Eram e ainda são aconselhados pelos mais velhos para esconder o filho especial dos olhos dos amigos e vizinhos. Uma situação ainda vista como vergonha, ou um castigo divino em ter filhos com deficiências. A Constituição Federal garante a igualdade de direitos, afirmando que todos somos iguais, mas nossa sociedade fizeram e ainda fazem poucas adaptações para receber em seus vários departamentos a todos sem distinção.

O sofrimento que acompanha uma família com um filho especial, segue pela sociedade a dentro, em todos os segmentos que a conduzem, seja na escola, no comércio ou mesmo em locais de divertimento ou oração. As dificuldades de levar um filho especial junto ao mercado fazer compras, numa farmácia, lojas em geral, no posto de saúde, banco, hospital, participar de festas ou jantares é um desafio para muitas famílias.

Diante desse quadro tão desolador e discriminatório que as famílias especiais enfrentam, e posso dizer com propriedade por fazer parte desse grupo, como mãe de um autista. A família que tem um filho especial passa a ser especial também, se quiser acolher bem o seu filho. Qual pai ou mãe vai sair feliz em um lugar público festivo ou não, sabendo que não pode contar com a presença de seu bem mais precioso e amado ao seu lado? Ou que quando seu filho estiver perto, será alvo de olhares piedosos ou reprovadores? Ou ainda ser objeto de comentários pouco apropriados?

As famílias que tem filhos especiais são muito questionadas pelos amigos. A maioria das vezes esses questionamentos são feitos sem nenhuma maldade, se espantam com algumas ações, que para os pais já passam meio que despercebidas, tanto quando houve uma melhora nas atitudes e comportamentos dos filhos, quanto como de algum ato inadequado que comprometa as regras sociais. Esse fato acontece, devido ao desconhecimento do transtorno pela maior parte da população. Essas situações corriqueiras vão aumentando o distanciamento  do convivio social das famílias de autistas e lapidando o circulo de amigos, restando somente aqueles amigos que são maduros o suficente para entender sobre as constantes adaptações que precisam serem criadas dentro do núcleo familiar da família que tem filhos autistas e não é incomum essas famílias optarem pelo isolamento social.

Esse é o quadro que vivenciamos no Brasil, o de desconhecimento do que é o autismo, e diante dessa realidade nos foi/é apresentada a tal “Inclusão Escolar”, pintada aos nossos olhos como um bem inquestionável, imposta pelos governantes sem ter sido feito um estudo criterioso com estudiosos do assunto ou uma consulta aos familiares sobre o que achavam/acham que seria melhor para seus filhos. Uma escola especializada ou uma escola comum?

Como estudiosa do assunto e mãe de uma criança com autismo, vi com alegria a inclusão escolar, pois meu filho poder estar entre as crianças típicas é saudável e de grande aprendizagem para a vida dele, pois este é o mundo que ele vai viver com todos os tipos de pessoas. Um filho estar na escola comum traz uma sensação de cura, aos pais por parecer que ele não necessita estar numa escola especializada. Ou seja, a Inclusão veio para tranquilizar os pais, gerando a crença de que seu filho não é tão comprometido, pelo fato dele estar frequentando uma escola comum. Mas será que é isso que acontece na prática?

Infelizmente o que parecia tão bom, não aconteceu/acontece de forma efetiva na vida escolar dos alunos especiais. A maioria dos casos de inclusão escolar gerou decepções, com queixas recorrentes dos professores e colegas, sobre o comportamento inadequado dos alunos com deficiências.

No caso específico desta análise vou me reportar ao autismo em sala de aula e no ambiente escolar. Os autistas, em geral não gostam de ficar na sala de aula, não mostram aproveitamento escolar satisfatório, sentem dificuldades de enturmar-se, apesar dos esforços contínuos da equipe escolar ao tentar alfabetizá-los e socializá-los. As queixas são recorrentes também por parte dos pais, pois percebem que seus filhos não estão felizes no espaço escolar.

Essa é uma situação que gera conflitos entre pais insatisfeitos e equipe pedagógica escolar confusa, diante do cenário de inclusão desses alunos tão intrigantes. Esse é um desafio que a educação escolar precisa enfrentar para não correr o risco de fazer um trabalho inverso no contexto escolar, ou seja, em vez de inclusão, ser de exclusão.

Como intervir para melhor receber esses novos alunos? Que estratégias a escola precisa tomar? Como trabalhar o conteúdo escolar com os autistas? Como fazer para capacitar melhor os professores? Que metodologias precisam serem utilizadas? Se o currículo precisa ser adaptado, como fazer essas adaptações? Essas e outras perguntas precisam serem esclarecidas para que o aluno com autismo tenha interesse em frequentar a escola comum, para poder se desenvolver e aproveitar ao máximo da inclusão escolar, sendo incluído nas atividades de forma efetiva, aproveitando a socialização que a escola pode proporcionar.

Um primeiro passo foi dado, a publicação do Livro Autismo: Manual do Professor, com todo nosso carinho para você professor ou familiar de autista e agora inauguramos nosso blog , onde juntos vamos discutir esses assuntos e muito mais ligados ao universo do autismo.

Juliane Castanha.


Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

OUTROS ARTIGOS

O USO DE TELAS CAUSA AUTISMO?
Atualidades

O USO DE TELAS CAUSA AUTISMO?

/*! elementor – v3.6.6 – 08-06-2022 */ .e-container.e-container–row .elementor-spacer-inner{width:var(–spacer-size)}.e-container.e-container–column .elementor-spacer-inner,.elementor-column .elementor-spacer-inner{height:var(–spacer-size)} Será que ficar muito tempo utilizando o celular e os recursos incríveis que eles