A seletividade alimentar pode acometer toda e qualquer criança, porém a incidência em crianças com algum tipo de transtorno do neurodesenvolvimento como o autismo chama a atenção.
O que pais e até professores precisam saber
É importante saber que a seletividade alimentar é comumente vista em crianças até os 6 anos e apesar de diminuir consideravelmente a gama de alimentos aceitos, podendo impactar diretamente no estado nutricional da criança dependendo da gravidade da seletividade, ela não é considerada um transtorno alimentar. A seletividade alimentar pode acometer toda e qualquer criança, porém a incidência em crianças com algum tipo de transtorno do neurodesenvolvimento como o autismo chama a atenção.
Dados sobre a prevalência da seletividade alimentar são escassos, mas acredita-se que acometa mais frequentemente crianças entre 4 a 24 meses. As causas da seletividade alimentar são incertas, estudos indicam que pode ter uma contribuição genética, porém fatores ambientais são determinantes.
Estudos correlacionam a amamentação e introdução alimentar com o início da seletividade a alimentos, onde a amamentação poderia facilitar a aceitação de novos alimentos, pois as características sensoriais do leite humano são influenciadas pela dieta da mãe, fazendo com que o bebê tenha o primeiro contato com sabores e odores. Por outro lado, crianças que apresentam atraso na introdução de alimentos sólidos tem mais propensão a apresentarem comportamentos seletivos.
Dessa forma, o contato com o leite materno e a introdução alimentar no tempo correto acarretaria melhora da aceitação de novos alimentos.
É importante ressaltar que os hábitos alimentares da família, principalmente os da mãe, são de suma importância em todas as fases, desde a amamentação, até na escolha dos alimentos a serem oferecidos à criança.
De qualquer forma, crianças seletivas sempre causam “desespero” nos pais e familiares ao redor. Uma das formas de combater a seletividade alimentar é sempre oferecer os alimentos, mesmo que a criança inicialmente não coma e nem experimente, pois estudos dizem que a exposição repetida de determinado alimento, aumentam as chances de aceitação, sendo importante alternar as formas de apresentação, preparação e textura.
Fatorem comportamentais causados por ações dos pais e/ou responsáveis podem agravar, ou ocasionar, o aparecimento da seletividade alimentar. Como, por exemplo, utilizar “alimentos de escape” que é oferecer alimentos que a criança goste todas às vezes que ela não come a comida do prato. Essa prática pode incentivar o aparecimento da seletividade alimentar essencialmente comportamental.
Por outro lado, se tratando de crianças com algum transtorno do desenvolvimento como o transtorno do espectro autista (TEA), podem apresentar uma seletividade alimentar mais sensorial do que comportamental, apesar de que o comportamental não necessariamente esteja ausente nesse tipo de seletividade.
Assim, a textura, a cor, o odor e a temperatura podem ser decisivos para fazer a criança experimentar o alimento ou não. Os utensílios utilizados (metais ou plástico) também podem interferir na aceitação dos alimentos. Dessa forma, identificar a temperatura e a textura que a criança aceita melhor, pode ajudar na melhor aceitação. Conhecer a preferência da criança por alimentos misturados ou separados (no mesmo prato ou por utensílios) pode ser primordial no tratamento da seletividade.
A prática da terapia alimentar, bem como o tratamento bioquímico feito por um nutricionista especializado pode ajudar a dar suporte nutricional e neuronal para aceitação de novos alimentos, fazendo com que a criança evolua nas terapias e neurodesenvolvimento, afinal, se a criança não come, possui menos nutrientes para sintetizar neurotransmissores essenciais para o desenvolvimento neurológico e aprendizagem.
Alice Coca
Sobre a autora
A Nutricionista Alice Coca é formada pelo centro universitário São Camilo e Especializada em Nutrição no Autismo, TDAH e Síndrome de Down pelo CAPG de Goiás.
Também se dedicou na formação em Gastroenterologia Pediátrica pela Escola Paulista de Medicina da universidade federal de São Paulo (unifesp).
Já atuou como professora de pós-graduação e especialização, além de ser nutricionista em consultório particular com atuação em autismo, gastropediatria, alergias alimentares, genética, neurodesenvolvimento, depressão e outras doenças neurológicas.
